Sono de qualidade: o primeiro passo para a saúde mental
- Luiz Gustavo Santos Tessaro

- 16 de set.
- 3 min de leitura
A vida 24/7

A ideia é absurda, mas real: vencer a necessidade de dormir. Esse desejo é denunciado por Jonathan Crary no livro “24/07: Capitalismo tardio e os fins do sono”. Ele comenta que a necessidade de dormir é a última barreira que nossa sociedade quer transpor em busca do máximo de produtividade.
O autor constrói seu argumento citando uma série de fatores mais ou menos evidentes, como uma visão crescente sobre o ato de dormir como perda de tempo, pesquisas militares que intencionaram suprimir o sono de soldados em situações de guerra, dentre outras. Além disso, na impossibilidade de vencermos a vontade de ir para a cama quando anoitece, criamos a internet e seus avatares digitais (nossos perfis nas redes sociais) que ficam alertas na lógica 24/7, ou seja, 24h por dia, 7 dias por semana. Na internet estamos sempre disponíveis. Nela consumimos nosso tempo de descanso e ócio (potencialmente criativo).
As telas cada vez mais nos induzem a permanecer insones, seja pela alta incidência de luz nos olhos (que prejudica a glândula pineal no nosso cérebro de realizar seu efetivo trabalho de nos adormecer), seja pela profusão de conteúdo que nos deixa sempre alertas – quando não dependentes.
“A maior parte das necessidades aparentemente irredutíveis da vida humana – fome, sede, desejo sexual e, recentemente, a necessidade de amizade – se transformou e mercadoria ou investimento. (...) O sono é a última barreira que resta” (Crary, 2016)
O sono e a saúde mental

O sono, contudo, é um elemento frequentemente subestimado quando se fala em saúde mental. Manter hábitos de sono regulados é de fundamental importância, pois impacta diretamente a qualidade da vigília, que é como chamamos nosso tempo acordados. Dormir mal nos deixa muito mais do que apenas cansados, o que já seria ruim por si só. Ficamos mais irritados, ansiosos e propensos à depressão. Existe uma relação bidirecional entre sono e saúde mental: pior sono piora a saúde mental, que por sua vez piora o sono... é um ciclo de retroalimentação negativa bastante pernicioso. O adolescentes são mais propensos aos efeitos prejudiciais do sono insuficiente.
Passos para dormir bem
Nesse sentido, como garantir uma boa noite de sono? Aqui vão algumas sugestões, que costumamos chamar de higiene do sono:
• Evitar o uso de telas uma hora antes de ir para a cama, para prevenir a hiperestimulação, tanto pela luz nos olhos quanto pelo excesso de informação.
• Estabelecer horários fixos para dormir e acordar, mesmo nos fins de semana.
• Optar por refeições leves à noite e evitar se exercitar logo antes de dormir.
• Adotar hábitos relaxantes na hora que antecede o sono, como leitura, meditação ou ouvir música suave.
• Usar a cama apenas para dormir. Evitar trabalhar, assistir TV ou mexer no celular nela.
• Evitar cochilos longos durante o dia, especialmente no fim da tarde.
• Moderar o consumo de cafeína, principalmente após o meio da tarde.
Cuidar desses aspectos pode favorecer uma noite tranquila e um sono verdadeiramente revigorante. Não os subestime: repita e transforme em rotina. Esse pode ser seu primeiro movimento em busca de mais saúde!
Autor: Luiz Gustavo Santos Tessaro


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